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Coquetel Molotov 2013 – saiba como foi a comemoração dos 10 anos do festival

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Por Taynara Pretto

O No Ar Coquetel Molotov chegou à sua décima edição como um dos festivais independentes mais consolidados do país. Conhecido não apenas do público pernambucano, o festival foi realizado nos dias 18 e 19 de outubro, em Recife, e proporcionou boas experiências sonoras ao público que lotou o Teatro da UFPE.

Mais de uma hora antes da abertura do teatro, algumas pessoas já formavam fila e aguardavam para entrar. Abrindo as atrações, o músico pernambucano Juvenil Silva subiu ao palco para tocar canções de seu primeiro disco solo, Desapego. Com influências que passam por diversos territórios da música, como o rock de Raul Seixas, elementos da Tropicália, blues e psicodelias, Juvenil foi acompanhado por uma parcela do público que, em frente ao palco, cantava alto suas músicas.

Além das músicas de seu disco, o músico apresentou uma inédita chamada Com você na minha boca, que teve participação de Aninha Martins nos vocais. Simpático e animado, Juvenil fez valer as honras de abrir a edição deste ano e mostrou que tem público cativo na sua terra.

Cícero (RJ). Foto: Débora Pontes

Cícero (RJ). Foto: Débora Pontes

Uma das atrações mais esperadas da noite, Cícero entrou timidamente. Em meio à gritaria das fãs que tietavam em frente ao palco, o carioca intercalou canções de seu primeiro disco Canções de Apartamento, com faixas do segundo e recém-lançado Sábado. Neto de recifense, Cícero disse o quanto estava feliz por tocar pela primeira vez na cidade, e que tinha na memória histórias que sua mãe lhe contava sobre seu avô pescador.

Visivelmente extasiado e, às vezes, quase sem acreditar que aquela quantidade de pessoas conhecia (e sabia cantar) tantas músicas suas, como Tempo de pipa, Vagalumes cegos e as novas Ela e a lata e Frevo por acaso, Cícero não cansava de agradecer o carinho do público. “Pra cima do Sudeste, as pessoas têm mais facilidade de demonstrar afeto, é uma coisa que estamos perdendo por lá”, disse o músico, que ainda elogiou as bandas pernambucanas Nação Zumbi e Mombojó.

Hurtmold (SP). Foto: Débora Pontes

Hurtmold (SP). Foto: Débora Pontes

Em comemoração aos 10 anos do Coquetel Molotov, os organizadores presentearam o público ao trazer novamente a atração Hurtmold, que já havia tocado na segunda edição do festival, em 2005. Banda referência na cena instrumental brasileira, a banda paulistana de post-rock subiu ao palco para tocar, além de músicas de seus trabalhos mais antigos, todas as canções de seu último disco, Mils Crianças, lançado em 2012. Superafinados e em grande sintonia com as percussões já conhecidas, os músicos fizeram valer a pena a escolha dos organizadores. Para fechar a primeira noite, o esperadíssimo Rodrigo Amarante.

Lançando o primeiro disco de sua carreira solo, Cavalo, o ex-hermano fala, através das músicas, sobre a influência do seu autoexílio e do “sentir-se estrangeiro” no seu processo de redescoberta. Para abrir o show, a bela canção intitulada Irene, avesso da homônima de Caetano Veloso, uma Irene que ri, que canta a solidão. Com o mesmo minimalismo presente no disco, Amarante conduziu seu show. Entre uma música e outra, às vezes soltava um “Aaah, Recife”, sorrindo e fazendo o público sorrir.

Rodrigo Amarante (RJ). foto: Débora Pontes

Rodrigo Amarante (RJ). foto: Débora Pontes

Num show cheio de introspecção e melancolia, alguns ainda insistiam em pedir para ele tocar alguma música dos Los Hermanos (até quando?), enquanto ele, de forma agradável, respondia: “Tenho um monte de música nova pra cantar”. E seguiu assim, mostrando ao público esse seu novo mundo e tentando levá-los para o seu ritmo, bem distante do pop de sua antiga banda ao lado de Marcelo Camelo, Rodrigo Barba e Bruno Medina. Lindo demais para os ouvidos daqueles que permitem se redescobrir junto com o cantor e nem tanto para aqueles que foram com a esperança ver um ex-hermano e não apenas Rodrigo Amarante.

Após ter o palco invadido e ter sido assediado pelos fãs mais calorosos ao final do show, o músico foi levado para os bastidores. Com o teatro esvaziando, voltou ao palco e disse sorridente: “Vou tocar mais uma. Eu que tô pedindo”, brincou, encerrando sua apresentação com Evaporar, música do Little Joy, seu projeto com Fabrizio Moretti (The Strokes) e Binki Shapiro.

Segunda noite

O segundo e último dia do Coquetel Molotov não poderia começar de maneira mais animada. Os paulistas do Bixiga 70 fizeram o público levantar das cadeiras e dançar com seu afro-groove. Lançando o seu segundo disco, homônimo, o grupo fez um dos shows mais bonitos e calorosos do festival, conquistando, com seus metais e o batuque de sua percussão, até aqueles que não o conheciam.

A sintonia e a energia de seus integrantes arrepiaram parte do público, com execuções beirando à perfeição e show com direito a “trenzinho” gigante, que encontrou espaço em meio a um teatro já praticamente lotado. “É um prazer enorme tocar nesse caldeirão cultural que é Recife. Poder compartilhar nosso trabalho num lugar tão importante pra música brasileira, berço de tanta gente boa, e ter essa receptividade do público deixa a gente querendo ficar”, disse o baixista Marcelo Dworecki, durante conversa nos bastidores.

Bixiga 70 (SP). Foto: Débora Pontes

Bixiga 70 (SP). Foto: Débora Pontes

Em seguida, foi a vez da atração gringa subir ao palco. O americano Perfume Genius, do músico Mike Hadreas, apresentou sua voz delicada e seu som minimalista, fazendo o público voltar a sentar nas cadeiras do teatro.

A terceira banda a se apresentar foi o Metá-Metá. Com seus riffs de guitarra misturado às batidas africanas, que se unem de maneira surpreendente com a voz de Juçara Marçal, o trio – formado ainda por Kiko Dinucci e Thiago França – fez a alegria dos fãs que dançavam em frente ao palco, cantando as músicas do segundo álbum da banda, Metal Metal. Barulho do bom, do começo ao fim.

Pra encerrar a décima edição do No Ar Coquetel Molotov a pernambucana Clarice Falcão atraiu uma audiência que dificilmente apareceria por lá, tanto pela idade, quanto pela referência musical do festival. Acompanhados dos pais, o público mais jovem esperava ansioso pela cantora (alguns já guardavam lugar em frente ao palco desde a primeira atração da noite), indo à loucura quando a última atração da noite foi finalmente anunciada.

Segurando uma sombrinha e vestindo capa de chuva, Clarice iniciou o show com a música Eu esqueci você, e teve a voz quase que apagada pela dos adolescentes que gritavam cada palavra da música (e de quase todas que estavam por vir). Entre letras irônicas e jeito tímido, a cantora disse o quanto estava feliz por voltar à sua terra natal. “Tô muito feliz não só por essa ser a cidade que eu nasci, mas também por ser a cidade onde fiz meu primeiro show. Foi na casa dos meus pais, aos quatro anos, usando uma escova de cabelo como microfone. Fico feliz que essa escova tenha se transformado em um microfone de verdade”, disse ela, arrancando gargalhadas da plateia.

Clarice Falcão (PE). Foto: Débora Pontes

Clarice Falcão (PE). Foto: Débora Pontes

Além das músicas já conhecidas de seu disco Monomania, Clarice cantou uma de suas primeiras composições, Austrália, que integra a trilha do curta-metragem Laços. A canção foi feita em coautoria com seu pai, o autor e diretor João Falcão, quando tinha ainda dezesseis anos. “Quando você toca uma música de outra pessoa no show, precisa pagar direitos pro Ecad… A não ser que essa pessoa seja seu pai. Aí você só precisa mandar um beijo”, brincou.

Acompanhada por uma boa banda e instrumentos que casam de maneira natural com seu jeito fofo de cantar, a moça, numa espécie de monólogo, combinou um pedido de bis com o público e, ao voltar, tocou mais três músicas. Encerrando com Monomania e aproveitando a melodia da música, a cantora emendou um trecho de Adeus, Pernambuco, de Luiz Gonzaga.

Outras atrações

Sob novo nome nesta edição, a Red Bull Music Academy Stage (antiga Sala Cine UFPE) recebeu, na primeira noite do festival, os paulistas Mauricio Fleury e Rafael Castro, o pernambucano Claudio N e a banda francesa Team Ghost, que levou ao público suas muitas experimentações eletrônicas e seu pós-punk dançante.

No segundo dia, quem abriu o palco menor do festival foi o pernambucano Grassmass, seguido pelo duo carioca Opala, composto por Maria Luiza Jobim e seu parceiro, Lucas de Paiva. Depois foi a vez de outra dupla. Tocando pela primeira vez fora de Portugal, seu país de origem, os meninos do Memória de Peixe mostraram seu instrumental psicodélico formado por guitarra e bateria.

Karol Conká (PR). Foto: Débora Pontes

Karol Conká (PR). Foto: Débora Pontes

Finalizando as atrações do Red Bull Academy Stage, a paranaense Karol Conká fez o público dançar e suar com seu hip-hop cheio de letras libertárias. Repleto de palavrões e histórias engraçadas, o show teve direito a cover de Rihanna, bis e público dançando e cantando no palco. “Isso, eu disse que eram seis pessoas, aqui só tem seis pessoas, né?”, ironizou com humor, enquanto no palco mais de dez pessoas dançavam empolgadíssimas.

A décima edição do Coquetel Molotov atraiu um clima de família. Um festival que, além de misturar ritmos, estilos, sentimentos distintos, agregou públicos de diferentes idades. Só nos resta desejar vida longa a este festival tão importante pra cena independente do Brasil.


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